No dia 19 de março é comemorada a festa em honra a São José, esposo de Maria, pai adotivo de Jesus e Patrono da Igreja Universal. Hoje, se inicia a novena em honra ao Santo Custódio da Sagrada Família.
“Nos Evangelhos, São José aparece como um homem forte e corajoso, trabalhador, mas em sua alma grande ternura é percebida, o que não é a virtude dos fracos, mas sim o contrário”, disse o Papa Francisco sobre São José quando começou seu pontificado em 2013.
Com a novena a seguir, poderá rezar a cada dia entre 10 e 18 de março, em preparação para a festa de São José.
Oração preparatória para todos os dias:
Deus e Senhor meu, Uno e Trino, Pai, Filho e Espírito Santo, creio que estou em Vossa soberana presença agora, quando pretendo consagrar a São José esta novena.
Valei-nos, São José!
Adoro-Vos com todo o meu coração, porque sois infinitamente bom e digno de ser amado sobre todas as coisas. Adoro-Vos com toda a intensidade de que sou capaz e arrependo-me dos muitos pecados que fiz contra Vossa Divina Majestade.
Quero, nesta novena, aprender as virtudes que, com tanta perfeição, praticou o glorioso Patriarca São José e alcançar, por sua intercessão, as graças de que tanto preciso. Senhor, quem sou eu para me atrever a comparecer diante de Vossa presença?
Conheço a deficiência de meus méritos e a multidão de meus pecados, pelos quais não mereço ser ouvido em minhas orações, mas o que não mereço merece-o o pai nutrício de Jesus; o que não posso ele pode. Venho, portanto, com toda a confiança, implorar a divina clemência, não fiado em minha fraqueza, mas no poder e valimento de São José. Amém.
Oração do dia correspondente (confira abaixo a oração de cada dia da novena)
Oração final para todos os dias:
Lembrai- vos, ó puríssimo Esposo da
Virgem Maria, ó meu doce Protetor São José, que jamais se ouviu dizer que alguém tivesse invocado vossa proteção, implorando vosso socorro e não fosse por vós consolado.
Com grande confiança, venho à vossa presença recomendar-me fervorosamente a vós. Não desprezeis as minhas súplicas, ó pai adotivo do Redentor, mas dignai-vos acolhê-la piedosamente. Assim seja.
ANT.: José, filho de Davi, não temas receber Maria, vossa Esposa Santíssima, em vossa companhia, porque o que ela leva em suas puríssimas entranhas é obra do Espírito Santo.
V. Rogai por nós, José santíssimo.
R. Para que sejamos dignos das promessas de Cristo.
Oremos: Ó Jesus, que por uma inefável providência, dignastes-Vos escolher o bem-aventurado esposo de Vossa Mãe Santíssima; concedei-nos que aquele mesmo que veneramos como protetor, mereçamos tê-lo no céu por nosso intercessor. Vós que viveis e reinais por todos os séculos dos séculos. Amém.
Pede-se agora a graça que necessita conseguir
Para melhor alcançar as graças pedidas, rezaremos sete Pai-nossos, sete Ave-Marias e sete Glórias ao Pai em honra das alegrias e dores do glorioso patriarca.
Primeiro dia
Dou graças à Santíssima Trindade, Santíssimo São José, pelos muitos privilégios, méritos e virtudes com que vos enriqueceu e, principalmente, pelo grande e singularíssimo mérito a poucos concedido de ter sido santificado no ventre de vossa mãe e confirmado em graça. Que alegria para vosso coração ver-vos livre do pecado, que é a única coisa que desagrada a Deus Filho, que vos chamava de pai! Que graças destes à Trindade Beatífica por esse tão assinalado privilégio! Eu vos felicito, com todo o meu coração, pela inocência incomparável que tivestes desde antes de nascer e pela graça a amizade particular com que o mesmo Deus vos distinguiu.
Por esse privilégio e pela grande alegria que Ele vos causou, suplico-vos, ó meu querido pai, que me alcanceis de Deus um grande ódio ao pecado, grande amor às virtudes e à minha salvação eterna. E como creio que a graça que desejo conseguir nesta novena será benéfica à minha salvação, tenho inteira confiança de que a alcançareis por vossa poderosíssima intercessão; todavia, se minha oração não for bem dirigida, endireitai-a e rogai ao boníssimo Deus por mim. Amém.
Segundo dia
Que felicidade a vossa, meu glorioso protetor, serdes escolhido milagrosamente para esposo da Imaculada Maria!
Alegro-me convosco pela satisfação imensa que experimentastes, naquele dia feliz, quando associastes vossa sorte à da Mãe de Jesus Cristo. Que admiração vos teriam os santos anjos, por serdes o sustentáculo da Mãe do Verbo encarnado e, por esse mesmo motivo, também protetor do Filho de Deus!
Uno meus louvores aos que, nesse dia, vos dariam os anjos do céu e, de todo o meu coração, vos felicito por vos ter sido dada de presente a Rainha dos Anjos, e pelo zelo que se dedicou a vosso serviço. Que transbordante felicidade! Que maravilha terdes por companheira aquela que trouxe o Filho de Deus em Seu seio sagrado!
Que felicidade terdes, para vosso consolo nas penas, a Consoladora dos aflitos, para conselheira nas dificuldades a sapientíssima Mãe de Jesus Cristo e para modelo nas virtudes, aquela que é o espelho sem mancha, a Majestade Divina e a imagem da bondade de Deus!
Por esse favor e felicidade tão grandes, peço-vos, poderosíssimo José, a amizade e a graça de Deus, a proteção e o amparo constantes de Maria Santíssima. Amém.
Terceiro dia
Que pena tão amarga devíeis ter sentido em vosso coração, José gloriosíssimo, quando, em vossa humildade, julgastes dever separar-vos de vossa esposa Maria! Separar-vos de Maria, que tanto amáveis e que correspondia a vosso amor com amor puro e sincero.
Confraternizo-me convosco por aqueles momentos de sofrimento e por essa amarga provação que o Senhor vos permitiu! Por caridade, ficastes ao lado da Mãe do Unigênito Filho de Deus. Maria vos pertenceu e amou sempre no amor de Deus. Em Seu infinito poder, Deus fez nela maravilhas de Seu Divino Amor. Fostes a maior testemunha das grandiosidades operadas em Maria. Ela é o jardim de Deus e o paraíso onde o Filho tem seu receio, e vós José, fostes o anjo da guarda desse jardim, o depositário desse eterno tesouro.
São José, aceitai sinceras felicitações pela parte ativa que Deus vos concedeu o mistério da Encarnação, e pela sujeição de Jesus e de Sua Santíssima Mãe às vossas ordens.
Por essa grande alegria e também pelos méritos da tristeza que a precedeu, suplico-vos, meu pai querido, que me alcanceis de Deus o conhecimento de Jesus Cristo e a graça de conservar uma fé tão viva em todos os seus mistérios, que esteja pronto a antes morrer que duvidar deles; alcançai-me, outrossim, a graça que, nesta novena, pretendo conseguir, se for para maior glória de Deus e bem de minha alma. Amém.
Quarto dia
Esposo castíssimo da Mãe do Unigênito Filho de Deus, uno-me a vós na tristeza que experimentastes em Belém, quando lá chegando, depois de penosa viagem, vistes vossa venerada esposa Maria e o Salvador do mundo, que ela levava em suas entranhas, desconhecidos e repelidos de todas as casas e pousadas.
Ó meu querido José, como conhecestes então que o mundo não é amigo de Cristo, e que é impossível servir juntamente dois senhores tão inimigos e contrários! Dai-me a Jesus, que tanta alegria vos causou em Seu nascimento.
As vozes dos anjos dizendo “paz na terra aos homens de boa vontade”? são principalmente dirigidas a vós. Aceitai meus louvores pelo muito amor que Jesus vos manifestou, escolhendo-vos para Seu pai nutrício e para seu poderoso defensor e amparo.
Permiti-me, gloriosíssimo e poderosíssimo Santo, chegar aonde vós estais, perto de Jesus, contemplar Sua santidade divina e esplendor. Pedi a Jesus que Ele me dê as graças recebidas pelos pastores e reis que foram adorá-Lo no presépio; pedi-Lhe também as graças que desejo conseguir nesta novena, se forem para maior glória de Deus e salvação de minha alma. Amém.
Quinto dia
Que grande dor sofrestes, nosso querido São José, quando vistes derramar-se o preciosíssimo Sangue de Cristo na circuncisão! Por que teria, esse infante divino, de sofrer assim, poucos dias depois de ter nascido? Ah! Sendo Jesus a perfeição em pessoa, certamente que foi pelos nossos pecados, esse padecer.
São José, dai-me a conhecer o preço do Sangue de Jesus para que nunca deixe perder a menor gota; e que esse sangue, caindo abundantemente sobre minha alma, lave-me e purifique inteiramente. Permiti, São José, que, para eu conseguir graça tão importante, aproxime-me mais de vós para ouvir atento e obedecer aos ensinamentos do Divino Mestre e receber as bênçãos e graças que dele emanam e que, por bondade divina, passam por vossas sagradas mãos.
Vossas mãos sagradas amparam Jesus, o Salvador do mundo, que tira os pecados dos homens! São José, que alegria a vossa, quando destes ao Salvador o nome de Jesus, sabendo que esse nome, a própria felicidade, é a chave que nos abre a porta do céu!
Adorador de Cristo, consiga que ele seja para mim Jesus, isto é, meu salvador nesta vida e na eterna.
Pelo nome adorável, Jesus, peço-vos também as graças que desejo alcançar nesta novena, se forem para maior glória de Deus e para o bem de minha alma. Amém.
Sexto dia
Ó meu boníssimo São José, protetor e amparo dos desvalidos, por aquela alegria que experimentou o vosso coração, ouvindo os louvores que os doutores da lei fazem ao Cristo Menino, peço-vos que não vos esqueçais de mim, fazei que Jesus, meu Salvador, seja sempre para mim ocasião de ressurreição. Confraternizo-me convosco, pacienciosíssimo José, pela ferida que em vosso coração fizeram as palavras do Santo Simeão, com que anunciara a Maria que uma espada de dor havia de atravessar Seu delicado e amorosíssimo coração.
Em tão tremenda ocasião para Maria, vós nem poderíeis remediar essas dores, nem ao menos ser testemunha de tão terrível padecer, para consolar vossa esposa com vossa presença humana na Paixão de Cristo!
Eu, sim, posso e devo, com minha vida e bons costumes, consolar a Maria, porque culpado, por meus pecados, na morte de Jesus e nas dores de Maria, quero e devo evitar e reparar esses pecados.
Ajudai, José poderosíssimo, minha pobreza espiritual e poucas forças, alcançando-me de Nosso Senhor a graça de nunca ser, por minha culpa, causa das penas de Jesus e das dores de Maria. Alcançai-me, também, a graça que desejo conseguir rezando esta novena, se for para maior glória de Deus e salvação de minha alma. Amém.
Sétimo dia
São José, permiti que, em espírito, eu vos acompanhe na viagem ao Egito para admirar vossos sacrifícios e imitar vossas virtudes. Tudo fizestes para defender Jesus de tantos perigos e, sobretudo, da morte.
Que dor tão grande foi para vosso coração amante ver sofrer Jesus e Maria! Quanta sede devem ter sofrido no deserto os três peregrinos santíssimos!
Peço-vos humildemente que tireis de mim a sede dos prazeres mundanos e dai-me a fome e a sede de todas as virtudes, principalmente a humildade, a paciência, a mortificação que a minha lama deseja ardentemente possuir. Entristeçam-me as coisas que vos entristecem, amável São José, e saiba eu alegrar-me com as que vos causam alegria.
Experimente minha alma, conservando-se na graça de Deus, a mesma alegria que experimentou vosso delicado coração, quando, afinal, depois dos transtornos de uma perigosa viagem por ermos desertos, vistes Jesus a salvo e Maria vossa amantíssima esposa segura no novo lar. Assim como vos alegrastes com a queda dos ídolos do Egito, alegra-se meu coração com a queda dos ídolos das afeições desregradas e das paixões desordenadas, de modo que, em tudo e por tudo, agrade a Jesus, à Santíssima Mãe e a vós, meu amável José, que tanto gozais na glória de Deus. Alcançai-me também a graça que desejo conseguir nesta novena, se for para maior glória de Deus. Amém.
Oitavo dia
Confraternizo-me convosco, terníssimo José, por causa das privações a que vistes sujeita vossa amada família, na terra de peregrinação, e pelo mesmo desterro tão meritório, sobretudo para a Mãe do Filho de Deus.
Uno minhas lágrimas às que derramastes, em vosso coração, pela dureza do exílio e por tudo que faltou a vós, a Maria e a Jesus, no Egito. Vossa família, que é a família de Deus, tão paciente, e eu me queixo de qualquer pequena e insignificante mortificação, ainda que necessária!
Ó meu querido José, pela alegria imensa que inundou vosso coração quando Jesus, pela primeira vez, deu-vos o doce nome de pai, e pela sujeição com que, pela primeira vez, vos prestou a homenagem de sua obediência, suplico-vos que me ensineis a obedecer aos meus superiores e a sofrer, com paciência e resignação, as provas que a divina Providência se dignar enviar-me, para purificar-me de meus pecados, ou para aumentar meus méritos.
Alcançai-me também, pela alegria com que voltastes do exílio para morar em Nazaré, a graça com que tanta humildade vos peço nesta novena, se não for em prejuízo de minha salvação. Amém.
Nono dia
Ó José, chamado por Jesus com o nome de pai, que dor e tormento indizível seria para vosso coração amorosíssimo ter perdido Jesus, com o qual estavam todas as afeições de vossa vida! Que grande aflição sentistes por não ter encontrado o Menino Jesus entre parentes e conhecidos e por ninguém ter dado notícias d’Ele.
Onde estaria Jesus? Como poderíeis viver se Ele era a vossa alegria de viver? Vós perdestes a Jesus, sem culpa vossa, mas eu perdi-O muitas vezes por culpa própria, por causa de minha malícia e de meus pecados.
Fazei-me conhecer a Jesus e procurá-Lo com perseverança, ensina-me a obedecê-Lo, ensina-me a adorá-Lo custe o que custar. Consiga-me a graça de que, de hoje em diante, nunca mais eu o perca pelo pecado e que se por infelicidade eu venha a perdê-Lo, nunca tenha sossego até que o encontre novamente pela divina graça.
Peço-vos esta graça, pela alegria inefável que experimentastes achando a Jesus no templo, ensinando, como Mestre Divino, aos doutores da lei e causando-lhes encanto e admiração com Suas perguntas e respostas.
Intercedei para que eu esteja sempre em união com Jesus e Sua santa Igreja. Consegui que Jesus esteja sempre em meu coração, com Sua divina caridade e que, no futuro, eu possa gozar de Sua visão e amizade no céu para sempre.
Alcançai-me também as graças que vos tenho pedido, todos os dias, durante a novena. Tenho confiança de que, tudo que vos pedi, irei receber do amor de Deus, por vosso intermédio. De agora em diante, com a graça divina, serei divulgador do poder que o Misericordioso Deus vos concede. Amém.
QUAMQUAM PLURIES
Carta Encíclica de Sua
Santidade o Papa Leão XIII
Aos Patriarcas, Primazes,
Arcebispos, Bispose outros Ordinários locais que estão em paz e comunhãocom a
Sé Apostólica, sobre a necessidade de se recorrer ao Patrocínio de São
José, junto ao da Virgem Mãe de Deus,
nas dificuldades dos tempos atuais.
Ainda que por diversas vezes já
tenhamos suplicado que se fizessem em todo o mundo orações especiais e se
recomendassem vivamente a Deus os interesses da Igreja, todavia ninguém fique
admirado se de novo sentimos a necessidade de inculcar o mesmo dever.
Em tempos difíceis,
especialmente quando o poder das trevas parece tentar de tudo em dano da
cristandade, a Igreja costuma invocar humildemente a Deus, seu autor e
protetor, com novo fervor e maior perseverança, bem como solicitar a mediação
dos santos em cujo patrocínio tem mais confiança de encontrar socorro, em
primeiro lugar a bem-aventurada Virgem Mãe de Deus, bem sabendo que os frutos
desta piedosa oração e desta esperança cedo ou tarde aparecerão.
Agora bem notais, Veneráveis
Irmãos, que os tempos atuais não são menos difíceis do que aquele que a Igreja
teve que enfrentar no passado. Vemos, de fato, vir diminuída em muitos a fé,
que é o princípio de todas as virtudes cristãs, esfriar-se a caridade e as
novas gerações degradar-se nas idéias e na conduta. Vemos a luta que de toda
parte se faz à Igreja de Cristo com violenta perfídia; a guerra atroz contra o
papado e as tentativas sempre mais declaradas de se derrubar os próprios
fundamentos da religião. Até que ponto tenham chegado e quanto ainda estejam
tramando os inimigos, é tão claro e evidente que se torna inútil gastar
palavras.
Em uma situação tão difícil e
angustiante, na qual os males superam em muito os remédios humanos, não nos
resta outra coisa senão recorrer à potência divina. Por esta razão, julgamos
oportuno estimular o povo cristão a pedir o socorro de Deus onipotente com
renovado fervor e inabalável confiança.
Aproxima-se o mês de outubro,
por Nós já consagrado à Virgem do Rosário. De todo o coração vos pedimos que
ele seja celebrado, este ano, com a maior devoção, piedade e participação
possível. Sabemos poder encontrar na materna bondade da Virgem um pronto
refúgio em todos os nossos males, e estamos certos de que não serão vãs as
nossas esperanças junto a ela. Se no passado nos foi propícia em toda
necessidade, por que não haveria de renovar os exemplos do seu poder e da sua
graça também no presente, se soubermos invocá-la juntos, com oração humilde e
perseverante? Nós, antes, estamos certos de que tanto mais nos assistirá,
quanto mais longamente quer ser por nós invocada. Mas esta é uma outra
iniciativa que Nós propomos e à qual , Veneráveis Irmãos, prestareis, como
sempre, a vossa diligente colaboração.
Para fazer com que Deus seja
mais favorável às nossas orações, e para que - entre tantos intercessores que
podem ser invocados - derrame mais pronta e copiosamente auxílio à sua Igreja,
cremos muito útil que o povo cristão habitue-se a rogar com devoção e
confiança, juntamente com a Virgem Mãe de Deus, também o seu castíssimo esposo
São José. E temos bons motivos para crer que isto será particularmente
agradável à Virgem Santa.
Sobre este tema que pela
primeira vez nos propomos a tratar publicamente, sabemos que a devoção popular
é não só propensa por natureza, mas também já está bastante avançada. E, de
fato, vimos um grande progresso no culto a São José, anteriormente promovido
pelo zelo dos Sumos Pontífices, depois estendido a todo o mundo, especialmente
quando Pio IX, Nosso Predecessor de feliz memória, a pedido de muitíssimos
bispos, declarou o Santo Patriarca, Patrono da Igreja Universal. Todavia, por
ser muito importante que o seu culto penetre profundamente nas instituições católicas
e nos costumes, queremos que o povo cristão receba da Nossa própria voz e
autoridade todo o incentivo possível.
As razões pelas quais São José
deve ser tido como Patrono da Igreja - e a Igreja por sua vez espera muitíssimo
da Sua especial proteção - residem sobretudo no fato que ele é esposo de Maria
e pai putativo de Jesus Cristo. Daqui derivam toda a sua grandeza, graça,
santidade e glória.
Sabemos que a dignidade da Mãe
de Deus é altíssima e que não pode haver uma maior. Mas dado que entre a beatíssima
Mãe de Deus e São José existe um verdadeiro vínculo matrimonial, é também certo
que São José, mais que qualquer outro, se aproximou daquela altíssima dignidade
que faz da Mãe de Deus a criatura mais excelsa. De fato, o matrimônio constitui
por si mesmo a forma mais nobre de sociedade e de amizade, e traz consigo a
comunhão dos bens. Portanto, se Deus deu José como esposo a Maria, deu-o não só
como companheiro de sua vida, testemunha de sua virgindade e tutor da sua
pureza, mas também como participante - por força do vínculo conjugal - da
excelsa dignidade da qual ela foi adornada. Além disso, ele eleva-se entre
todos em dignidade também porque, por vontade de Deus, foi guarda e, na opinião
de todos, pai do Filho de Deus. Em conseqüência, o Verbo de Deus foi
humildemente submisso a José, obedeceu-lhe e prestou-lhe a honra e o respeito
que o filho deve ao seu pai.
Ora, desta dupla dignidade
derivaram espontaneamente os deveres que a natureza impõe aos pais de família;
assim, pois, São José foi guarda legítimo e natural da Santa Família, e ao
mesmo tempo seu chefe e defensor, exercendo estes ofícios até o fim de sua
vida.
Foi ele, de fato, que guardou
com sumo amor e contínua vigilância a sua esposa e o Filho divino; foi ele que
proveu o seu sustento com o trabalho; ele que os afastou do perigo a que os
expunha o ódio de um rei, levando-o a salvo para fora da pátria, e nos
desconfortos das viagens e nas dificuldades do exílio foi de Jesus e Maria
companheiro inseparável, socorro e conforto.
Pois bem: a Sagrada Família,
que José governou com autoridade de pai, era o berço da Igreja nascente. A
Virgem Santíssima, de fato, enquanto Mãe de Jesus, é também mãe de todos os
cristãos, por Ela gerados em meio às dores do Redentor no Calvário. E Jesus é,
de alguma maneira, como o primogênito dos cristãos, que por adoção e pela
redenção lhe são irmãos.
Disto deriva que São José
considera como confiada a Ele próprio a multidão dos cristãos que formam a
Igreja, ou seja, a inumerável família dispersa pelo mundo, sobre a qual Ele,
como esposo de Maria e pai putativo de Jesus, tem uma autoridade semelhante a
de um pai. É, portanto, justo e digno de São José, que assim como ele guardou
no seu tempo a família de Nazaré, também agora guarde e defenda com seu
patrocínio a Igreja de Deus.
Tudo isto, Veneráveis Irmãos,
encontra apoio - como bem o sabeis - no ensinamento de não poucos Padres da
Igreja. De acordo nisto com a Sagrada Liturgia, eles entreviram no antigo José,
filho do patriarca Jacó, a pessoa e a vocação do nosso [José]; e no esplendor
que daquele emanava, viram simbolizada a grandeza e a glória do Guarda da
Sagrada Família. De fato, além de terem ambos recebido - não sem significado -
o mesmo nome, existe entre eles muitas outras e claras semelhanças, a Vós bem
conhecidas.
Em primeiro lugar, o antigo
José ganhou para si a benevolência de seu senhor de um modo todo singular; e
depois conseguiu, graças ao seu zelo, que chovesse do céu toda a prosperidade e
bênçãos sobre o seu patrão, de quem dirigiu a casa. E mais: por vontade do rei
governou com plenos poderes todo o reino, e quando a carestia se tornou
calamidade pública, foi ele quem alimentou os egípcios e os povos vizinhos com
exemplar sagacidade, a ponto de ser merecidamente chamado pelo faraó de
“salvador do mundo”.
Assim, no antigo patriarca é
fácil de se ver a figura do nosso [José]. Como a antigo José foi a bênção para
a casa de seu patrão e para todo o reino, assim o nosso José foi predestinado a
guardar a cristandade e deve ser tido como defensor da Igreja, que efetivamente
é a Casa do Senhor e o reino de Deus na terra.
Todos os cristãos, por isso, de
quaisquer condições e estado, têm bons motivos para se confiarem e se
abandonarem à amorosa proteção de São José.
Nele, os pais de família
encontram o mais alto exemplo de paterna vigilância e providência; os cônjuges,
o exemplo mais perfeito de amor, concórdia e fidelidade conjugal; os
consagrados a Deus, o modelo e protetor da castidade virginal.
Volvendo o olhar à imagem de
José, aprendam os nobres a conservar a sua dignidade também na desventura; os
ricos descubram quais são os bens que na verdade é necessário buscar e guardar
zelosamente. E enfim, os pobres, os operários e todos aqueles que pouco tiveram
da sorte, têm um motivo a mais - e todo especial - de recorrer a José e de
tomá-lo como exemplo: Ele, embora sendo de descendência régia, desposado com a
mais excelsa entre as mulheres, e ter sido considerado como o pai do Filho de
Deus, passou todavia sua vida no trabalho, provendo o necessário para si e para
os seus, com a fadiga e a habilidade de suas mãos.
Entretanto, é bom refletir que
não é verdade que a condição dos pobres seja degradante. O trabalho do
operário, longe de ser desonroso, torna-se fonte de nobreza quando associado à
virtude. José, contente do seu trabalho e do pouco que possuía, viveu com
coragem e nobreza as angústias da vida, seguindo nisto o exemplo de Jesus, que
embora sendo Senhor de tudo, fez-se servo de todos e não desdenhou abraçar
voluntariamente a pobreza.
Estas considerações devem
elevar o ânimo de quem é pobre e ganha o pão com seu trabalho, e fazê-lo
raciocinar retamente. De fato, se é verdade que a justiça consente em poder
libertar-se da pobreza e alcançar uma posição melhor, também é verdade que a ninguém
é permitido, nem à razão, nem à justiça, subverter a ordem estabelecida por
Deus. Antes, recorrer nestes casos à violência e tentar o caminho da sublevação
e dos tumultos é uma escolha desesperada, que na maioria das vezes agrava os
próprios males que se queria aliviar. Querendo, portanto, agir com prudência,
os proletários não confiem tanto nas promessas dos violentos, mas antes no
exemplo e no patrocínio de São José, e na caridade materna da Igreja, que a
cada dia mais se preocupa pela sua situação.
Portanto, Veneráveis Irmãos,
enquanto Nós esperamos muito da vossa autoridade e do vosso zelo de Pastores, e
estamos certos de que as pessoas boas e piedosas farão ainda mais do que
estamos solicitando, decretamos que por todo o mês de outubro se acrescente à
recitação do Rosário - por Nós já prescrita em outra ocasião - a oração a São
José que recebeis junto com esta Carta Encíclica, e que isto se repita todos os
anos, perpetuamente.
Àqueles que devotamente
recitarem esta oração, concedemos cada vez a indulgência de sete anos e outras
tantas quarentenas.
É também útil e louvável que se
consagre, como já se fez em muitos lugares, o mês de março ao Santo Patriarca,
com exercícios diários de piedade em sua honra. Onde isto não for possível,
faça-se ao menos antes da sua festa, no lugar principal, um tríduo preparatório
de orações.
Recomendamos, além disso, aos
fiéis daquelas nações nas quais o dia 19 de março, consagrado a São José, não
esteja incluído entre as festas de preceito, que não deixem por quanto possível,
de santificá-lo ao menos em particular, em honra do celeste Patrono, como um
dia festivo.
Entretanto, Veneráveis Irmãos,
como penhor de graças do céu e na Nossa benevolência, de todo o coração
dispensamos no Senhor a Bênção Apostólica a Vós, ao Clero e aos vossos fiéis.
Dado em Roma, junto de São
Pedro, no dia 15 de agosto de 1889, décimo segundo ano do Nosso Pontificado.
Leão XIII
Oração a São José
A vós, São José, recorremos em
nossa tribulação e, tendo implorado o auxílio de vossa santíssima esposa,
cheios de confiança solicitamos também o vosso patrocínio.
Por esse laço sagrado de
caridade que vos uniu à Virgem Imaculada Mãe de Deus, e pelo amor paternal que
tivestes ao Menino Jesus, ardentemente vos suplicamos que lanceis um olhar
favorável sobre a herança que Jesus Cristo conquistou com o seu sangue, e nos
socorrais em nossas necessidades com o vosso auxílio e poder.
Protegei, ó guarda providente
da Divina Família, o povo eleito de Jesus Cristo.
Afastai para longe de nós, ó
pai amantíssimo, a peste do erro e do vício.
Assisti-nos do alto do céu, ó
nosso fortíssimo sustentáculo, na luta contra o poder das trevas, e assim como
outrora salvastes da morte a vida ameaçada do Menino Jesus, assim também
defendei agora a Santa Igreja de Deus das ciladas do Inimigo e de toda
adversidade.
Amparai a cada um de nós com o
vosso constante patrocínio, a fim de que, a vosso exemplo e sustentados com o
vosso auxílio, possamos viver virtuosamente, morrer piedosamente e obter no céu
a eterna bem-aventurança.
Amém.