sábado, 30 de março de 2013

Oração Universal - Sexta-feira Santa

A Igreja Católica, na Sexta-feira Santa (da Paixão), faz uma bela oração:


ORAÇÃO UNIVERSAL



1. Pela santa Igreja

Oremos, irmãos irmãs caríssimos, pela santa Igreja de Deus: que o Senhor nosso Deus lhe dê a paz e a unidade, que Ele a proteja por toda a terra e nos conceda uma vida calma e tranquila, para sua própria glória. 

Deus eterno e todo-poderoso, que em Cristo revelastes a vossa glória a todos os povos, velai sobre a obra do vosso amor. Que a vossa Igreja, espalhada por todo o mundo, permaneça inabalável na fé e proclame sempre o vosso nome. Por Cristo, nosso Senhor.

2. Pelo papa

Oremos pelo nosso Santo Padre, o Papa FranciscoSenhor nosso Deus, que o escolheu para o episcopado, o conserve são e salvo à frente da sua Igreja, governando o povo de Deus.


Deus eterno e todo-poderoso, que dispusestes todas as coisas com sabedoria, dignai-vos escutar nossos pedidos: protegei com amor o pontífice que escolhestes, para que o povo cristão que governais por meio dele possa crescer em sua fé. Por Cristo, nosso Senhor.

3. Pelo clero e pelos leigos 

Oremos pelo nosso bispo ( .. .),  por todos os bispos, presbíteros e diáconos da Igreja e por todo o povo fiel.

Deus eterno e todo poderoso, que santificais e governais pelo vosso Espírito todo o corpo da Igreja, escutai as súplicas que vos dirigimos por todos os irmãos ministros do vosso povo. Fazei que cada um, pelo dom da vossa graça, vos sirva com fidelidade. Por Cristo, nosso Senhor.

4. Pelos catecúmenos

Oremos pelos (nossos) catecúmenos: que o Senhor nosso Deus abra os seus corações e as portas da misericórdia, para que, tendo recebido nas águas do batismo o perdão de todos 
os seus pecados, sejam incorporados no Cristo Jesus.


Deus eterno e todo-poderoso, que por novos nascimentos tornais fecunda a vossa Igreja, aumentai a fé e o entendimento dos (nossos), catecúmenos, para que, renascidos pelo batismo, sejam contados entre os vossos filhos adotivos. Por Cristo, nosso Senhor.

5. Pela unidade dos cristãos

Oremos por todos os nossos irmãos e irmãs que creem em Cristo, para que o Senhor nosso Deus se digne reunir e conservar na unidade da sua Igreja todos os que vivem segundo a verdade.

Deus eterno e todo-poderoso, que reunis o que está disperso e conservais o que está unido, velai sobre o rebanho do vosso Filho. Que a integridade da fé e os laços da caridade unam os que foram consagrados por um só batismo. Por Cristo, nosso Senhor.

6. Pelos judeus

Oremos pelos judeus, aos quais Senhor nosso Deus falou em primeiro lugar, a fim de que cresçam na fidelidade de sua aliança e no amor do seu nome.

Deus eterno e todo-poderoso, que fizestes vossas promessas a Abraão e seus descendentes, escutai as preces da vossa Igreja. Que o povo da primitiva aliança mereça alcançar a plenitude da vossa redenção. Por Cristo, nosso Senhor.

7. Pelos que não creem em Cristo

Oremos pelos que não creem no Cristo, para que, iluminados pelo Espírito Santo, possam também ingressar no caminho da salvação.

Deus eterno e todo-poderoso,dai aos que não creem no Cristo e caminham sob o vosso olhar com sinceridade de coração chegar ao conhecimento da verdade. E fazei que sejamos no mundo testemunhas mais fiéis da vossa caridade, amando-nos melhor uns aos outros e participando com maior solicitude do mistério da vossa vida. Por Cristo, nosso Senhor.

8. Pelos que não creem em Deus

Oremos pelos que não reconhecem Deus, para que, buscando lealmente que é reto, possam chegar ao Deus verdadeiro.

Deus eterno e todo-poderoso, vós criastes todos os seres humanos e pusestes em seu coração o desejo de procurar-vos para que, tendo-vos encontrado, só em vós achassem repouso. Concedei que, entre as dificuldades deste mundo, discernindo os sinais da vossa bondade e vendo o testemunho das boas obras daqueles que crêem em vós, tenham a alegria de proclamar que sois o único Deus verdadeiro e Pai de todos os seres humanos. Por Cristo, nosso Senhor.

9. Pelos poderes públicos


Oremos por todos os governantes: que o nosso Deus e Senhor, segundo sua vontade, dirija-lhes o espírito e o coração para que todos possam gozar da verdadeira paz e liberdade.

Deus eterno e todo-poderoso, que tendes na mão o coração dos seres humanos e o direito dos povos, olhai com bondade aqueles que nos governam. Que por vossa graça se consolidem por toda a terra a segurança e a paz, a prosperidade das nações e a liberdade religiosa. Por Cristo, nosso Senhor.

10. Pelos que sofrem provações

Oremos, irmãos e irmãs, a Deus Pai todo-poderoso, para que livre o mundo de todo erro, expulse as doenças e afugente a fome, abra as prisões e liberte os cativos, vele pela segurança dos viajantes e transeuntes, repatrie os exilados, dê saúde aos doentes e a salvação aos que agonizam.

Deus eterno e todo-poderoso, sois a consolação dos aflitos e a força dos que labutam. Cheguem até vós as preces dos que clamam em sua aflição, sejam quais forem os seus sofrimentos, para que se alegrem em suas provações com o socorro da vossa misericórdia. Por Cristo, nosso Senhor.

Acrescente os seus pedidos a Deus Pai sempre em nome de Nosso Senhor Jesus Cristo. Amém.

sexta-feira, 15 de março de 2013

Igreja, Amor e Ódio. (Cláudio Rangel)



Igreja, Amor e Ódio.  (Cláudio Rangel)

Estive pensando, meditando, esses dias, sobre uma frase de Fulton Sheen, que gostaria de compartilhar com vocês. Dizia ele que, referindo-se à América, “existe no máximo uma centena de pessoas que odeia a Igreja Católica. Entretanto existem milhões de pessoas que odeiam aquilo que acreditam ser a Igreja Católica – o que é muito diferente”. Assim, digo eu, estes milhões têm uma “profissão de fé”, só que inconsciente e a contrário sensu.

Isto foi recentemente, com outras palavras e contexto, reafirmado pelo Papa Bento XVI, ou seja, de que “um dos problemas mais graves da nossa época é a ignorância da prática religiosa na qual vivem muitos homens e mulheres, inclusive alguns fiéis católicos”. (Visita Ad Limina do Episcopado Francês)

Confesso que amo minha Igreja. Mas estou longe, muito longe, de conhecer a incomensurável riqueza espiritual acumulada por minha amada nestes 2.000 anos de história. Não sei nem o be-a-bá. Se me perguntarem, por exemplo, quais são os 7 dons do Espírito Santo, vou ficar contando e escorregar.  Os 12 frutos, então... tenho até vergonha de admitir. Ainda bem que Ele não desiste de mim por não saber declinar todos os seus sobrenomes. Mas é como de se eu fosse casado a 70 anos e não soubesse responder se a minha esposa prefere o café-da-manhã puro, ou com leite. Sofro desta ignorância a que referiu Bento XVI. Pois, é fato, batizado e crismado eu sou. De tal sorte, sou uma espécie de analfabeto funcional.

Como ter a pretensão, então, de dar a conhecer, verdadeiramente, a Cristo e a Sua (nossa) Igreja - que é uma obrigação de todo cristão – para que, uma vez conhecidos, sejam amados? Se nem sei como é que Cristo e a Igreja tomam o café-da-manhã é uma iniciativa muito temerária e, provavelmente, fadada ao fracasso. Ou, muito pior, realmente torná-los odiados, com minha participação, sem que tenham seus algozes conhecimento de causa. Como apresentar Jesus Cristo se não sei quem Ele é? E se, supondo que eu seja intelectual superdotado e conheça toda a História da Igreja Católica Apostólica Romana, na face da Terra, mas não conheço a Cristo, posso jogar a toalha, porque não saberei o que a Igreja é.   

Dizemos isto e aquilo de Jesus de Nazaré, o Cristo, mas nunca tivemos a menor curiosidade de ler os 4 Evangelhos, nem superficialmente. Dizemos isto e aquilo da Igreja Católica mas nunca tivemos a curiosidade de estudar nem 0,001% dos documentos que ela produziu ao longo de sua história bimilenar. O resultado disto é que a probabilidade de falarmos estultices é altíssima. Diria que é de 99,9999....%. Se somos “bem” formados, fazemos parte da “intelligentsia” – historiadores, sociólogos, filósofos, antropólogos, etc – com mestrados, doutorados, pós-doutorados, trata-se de uma barbaridade. Do sentido mais radical, etimológico, da palavra “bárbaro”.

Eu preciso conhecer a minha Igreja. Se não sou capaz de esquadrinhá-la em toda a sua história e ver toda a beleza que nela há - apesar dos muitos percalços e da fraqueza dos seus filhos (nós todos) que a cobrem de manchas negras - eu tenho que, pelo menos, ser dócil ao Espírito Santo, como uma criança, desprovido de armaduras intelectuais. Quem sabe assim, recebendo seus dons e frutos, gratuitamente - agora lembrei-me da Fortaleza e da Paciência -, eu seja capaz de ver, ouvir e ler tantas barbaridades e manter-me fiel. E, ao invés de prestar um desserviço à humanidade, ajudar a edificar um mundo melhor.

Tenho muito que rezar ao meu bom Deus. Pois, como alertou o Papa Francisco em sua Primeira Homilia, com a coragem e a autoridade de quem conhece o mundo, o Cristo e a Igreja, citando Léon Bloy: “Quem não reza ao Senhor, reza ao diabo”.

Dá-me Senhor a Graça de permanecer ao Teu lado, sob qualquer circunstância. Guardai-me e guiai-me, Mãe Santíssima, nos caminhos sinuosos e traiçoeiros deste mundo e, assim, quem sabe um dia, eu possa viver o Novo Mandamento que seu Divino Filho nos legou:

“Amai-vos uns aos outros como eu vos amei”. (Jo 15:12)





Post-scriptum: Desculpem as minhas faltas.
Bem, como penitência, volto ao Catecismo da Igreja Católica, e nele leio:

III. Os dons e os frutos do Espírito Santo
1830. A vida moral dos cristãos é sustentada pelos dons do Espírito Santo. Estes são disposições permanentes que tornam o homem dócil aos impulsos do Espírito Santo.
1831. Os sete dons do Espírito Santo são: sabedoria, entendimento, conselho, fortaleza, ciência, piedade e temor de Deus. Pertencem em plenitude a Cristo, filho de David (84). Completam e levam à perfeição as virtudes de quem os recebe. Tornam os fiéis dóceis, na obediência pronta, às inspirações divinas.
«Que o vosso espírito de bondade me conduza pelo caminho recto» (Sl 143, 10). «Todos aqueles que são conduzidos pelo Espírito de Deus são filhos de Deus [...]; se somos filhos, também somos herdeiros: herdeiros de Deus, co-herdeiros de Cristo»(Rm 8, 14.17).
1832. Os frutos do Espírito são perfeições que o Espírito Santo forma em nós, como primícias da glória eterna. A tradição da Igreja enumera doze: «caridade, alegria, paz, paciência, bondade, longanimidade, benignidade, mansidão, fidelidade, modéstia, continência, castidade» (Gl 5, 22-23 segundo a Vulgata)


quinta-feira, 14 de março de 2013

Papa Francisco - Primeira Homilia


Na Missa de Encerramento do Conclave - 14 de março de 2013.





Nestas três leituras, vejo que há algo em comum: é o movimento. Na Primeira Leitura, o movimento no caminho; na Segunda Leitura, o movimento na edificação da Igreja; na terceira, no Evangelho, o movimento na confissão. Caminhar, edificar, confessar.
Caminhar. “Ó Casa de Jacó, venha, vamos caminhar na luz do Senhor” (Is 2:5). Esta é a primeira coisa que Deus disse a Abraão: caminha na minha presença e seja irrepreensível. Caminhar: a nossa vida é um caminho e quando paramos, a coisa não vai. Caminhar sempre, na presença do Senhor, à luz do Senhor, procurando viver com aquela irrepreensibilidade que Deus pediu a Abraão, na sua promessa.
Edificar.  Edificar a Igreja. Fala-se de pedras: as pedras têm consistência; mas pedras vivas, pedras ungidas pelo Espírito Santo. Edificar a Igreja, a Esposa de Cristo, sobre a pedra angular que é o próprio Senhor. Aqui está um outro movimento da nossa vida: edificar.
Terceiro, confessar. Nós podemos caminhar quanto quisermos, nós podemos edificar um monte de coisas, mas se não confessarmos Jesus Cristo, a coisa não vai. Seremos uma ONG assistencial, mas não a Igreja, Esposa do Senhor. Quando não se caminha, ficamos parados.  Quando não se edifica sobre pedras, o que acontece? Acontece como os castelos de areia construídos na praia pelas crianças, tudo vem abaixo, é sem consistência. Quando não se confessa Jesus Cristo, me lembro a frase de Léon Bloy: “Quem não prega o Senhor, prega o diabo”. Quando não se confessa Jesus Cristo, se confessa a mundanidade do diabo, a mundanidade do demônio.
Caminhar, edificar-construir, confessar. Mas não é coisa fácil, porque no caminhar, no construir, no confessar, às vezes há choques, há movimentos que não são propriamente movimentos do caminho: são movimentos que nos puxam para trás.
Este Evangelho prossegue com uma situação especial. O mesmo Pedro que confessou Jesus Cristo, diz-Lhe: Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo. Eu te seguirei, mas não falemos de Cruz. Isto não faz sentido. Sigo-te com outra possibilidade, sem a Cruz.
Quando caminhamos sem a Cruz, quando edificamos sem a Cruz, e quando confessamos um Cristo sem a Cruz, não somos discípulos do Senhor: somos mundanos; somos bispos, padres, cardeais, papas, mas não discípulos do Senhor.
Eu gostaria que todos, após estes dias de graça, tenhamos a coragem, a própria coragem de caminhar na presença do Senhor, com a Cruz do Senhor; de edificar a Igreja sobre o sangue Senhor, que foi derramado na Cruz; e de confessar a única glória: Cristo Crucificado. E assim, a Igreja irá avante.
Eu desejo a todos nós que o Espírito Santo, com a oração a Nossa Senhora, nossa Mãe, nos conceda esta graça: caminhar, edificar, confessar Jesus Cristo Crucificado. Assim seja.